11 de set. de 2014

Conto: Fragilidade

Era uma manhã de quarta-feira e, pela primeira vez na vida, eu chegaria adiantado ao trabalho. Tudo corria bem demais para ser verdade. O despertador tocou no horário certo, eu preparei o café sem fazer sujeira e ainda consegui lembrar onde tinha guardado a chave de casa. Desta vez eu não perderia o trem.
 Cheguei na estação, comprei o jornal e, para completar minha sorte, notei que o trem já estava chegando, pois já avistava suas luzinhas surgindo lá na linha do horizonte. Um homem de sobretudo se destacou entre a multidão de trabalhadores recém acordados. Ele saiu correndo, pulou da plataforma e se deitou na linha do trem.
 Em apenas um minuto aquele homem daria adeus à vida. Outra pessoa pulou na linha. Rolou uma pequena briga, mas o homem de sobretudo foi empurrado de volta para a estação. Infelizmente, a segunda pessoa não teve tempo de se salvar.
 Todo mundo que tinha compromisso naquele dia perdeu a hora. Algumas pessoas até perderam o sono e o apetite. Ironicamente, a única pessoa que ganhou algo naquele dia foi justamente aquela que queria colocar tudo a perder.
 Desde então fico me perguntando o que as pessoas fariam se soubessem que podem morrer nos próximos cinco minutos, seja atravessando a rua, fazendo malabarismo com motosserras ou até mesmo salvando a vida de alguém que já nem queria mais viver.

Por Daniel Generalli

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